quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Duquesa

Quem é essa dama de cabelos longos e negros, com uma fisionomia
Tão intensamente desenhada,
Que,
Com a cabeça erguida,
Dá a impressão de sorver a terrível poesia de um campo de batalhas?

Caminha por entre as quimeras,
Desvia os olhares das almas que estão ao seu redor,
Com as suas aparentes cintilações róseas dos campos dilacerados da Criméia,
Mulheres cortesãs, “ladies” orgulhosas, frágeis “misses”,
Despencam os seus torpedos olhares contra esta
Que está alheia a quaisquer circunstâncias;
Pompas e solenidades estão a lhe oferecer toda e qualquer arquitetura,
O rei lhe envia um mensageiro
Que
Diz-lhe todas as palavras campestres, reais e doces,
Porém vazias;

A Duquesa, alheia, continua a sua caminhada,
A guerra, o amor e o jogo estão a se engalfinhar dentro de si,
Incrível como esta mulher carrega consigo todas as matracas mecânicas invisíveis
Face às fracas imaginações e aos fracos olhares;

Repentinamente,
Surge-lhe um pastor anglicano que estava à espreita,
Tenta, em vão, suplicar-lhe a revelação de seus segredos,
Mas mal sabe que frente aos olhares desta Duquesa,
Não passa de um cadáver;

Como estas modas são encantadoras, porém medíocres,
Como são levianas!
A caminhada continua,
A Duquesa está a
Olhar para o horizonte perseguindo o seu destino,
Alheia a qualquer interferência,
Carrega todo o “mundus muliebris”, consigo,
Mas o que desperta, de fato, a sua atenção,
É que ao final desta caminhada,
Restar-lhe-á apenas este sabor amargo do vinho da vida.

Nenhum comentário: