segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Amargura


O amargo sabor do dissabor se aproxima de minha boca,
Sinto a quimera ser sobrepujada pela dor e pela desgraça,
O que fiz para merecer tamanha convicção do eterno sentimento
Da perda e da dor?

Esta amargura está mais clara agora,
Sinto que deixo este corpo mundano
E
Transfiro-me para a eterna luz que cavalga,
Cavalga sem a fronteira à sua frente;

Mas o que leva um mundano a sonhar com o impossível
Desejo de descansar se
Sequer cansou?
Mas o que leva um desmerecedor a desejar a morte
Sem sequer as atitudes que o fazem a merecer?

Caminho, então, nesta solitária trilha da desesperança,
Caminho de mãos dadas com a escuridão dos olhos de um indolente cego,
Para onde vou? Para onde foram as idéias?

Amargo esta amargura eterna,
Amargo este dissabor da lentidão, da dor e da desgraça,
Unifico as tristezas,
E fujo,
Desta terrível persuasão do aparente esclarecedor
Que
Não passa de um enganador;

Esclareci em minha recôndita alma dilacerada o que quero,
O que desejo,
E assim consigo, com o ultimo fio de energia,
Transformar, finalmente,
Este engano em amargura,
Companheira fiel pelo horizonte da eternidade.