quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Apontador de Lápis Abandonado em Cima da Mesa


Ao perceber as entidades que estavam alheias ao meu redor,
Deparei-me com um apontador,
De início, estava alheio também, mas logo, percebi que a sua
Longa espera e a sua presença inusitada
Não estavam ao acaso abandonadas,
Mas o que faria este apontador,
Numa posição de abandono?
O que faria este apontador, numa deslocada presença?
Ao examinar as entidades,
Elas deixam-se transparecer,
Deixam-se medir ao sabor das circunstâncias,
E logo percebemos
Que
As suas presenças não são tão ao acaso;

Mas este apontador intriga a minha alma,
Com a sua presença inexplicável,
Com a sua presença deslocada,
Com a sua presença misteriosa;

A certeza primeira é que se encontra em estado de solidão;

Solitário, espera,
Que alma hedionda tê-lo-ia deixado aqui?
Mas a outra certeza única é que só lhe resta esperar,
Só lhe resta permanecer alheio,
Até o instante em que se revelar,
Pelo misterioso ato da redenção,
A sua essência,
A sua serventia,
A sua glória.

O Passado, O Presente e O Futuro


Houve um instante no passado o qual o chamávamos de presente,
Há um instante no presente no qual estamos,
Haverá um instante no futuro no qual o presente será passado,
E,
Hoje que é o presente será o passado e aquele instante que hoje é o futuro,
Será o presente,
Podemos viver e morrer nos três instantes,
E,
Nossos atos insanos podem ecoar nesses três instantes,
Tudo depende de como torná-los coesos e corretos,
Insanos,
Porém,
Coesos e corretos,
Como vivemos e tornamos os nossos instantâneos atos dignos de serem lembrados e citados?
Como agimos para nos tornarmos cada vez melhores?
Como atribuir qualidades extraordinárias e ferrenhas à nossa conduta?
Os três instantes estão conectados,
E,
Isso assombra a mais errante alma,
Mas para caminharmos, para corrermos, para sorrirmos,
O que fazemos?
A dúvida que outrora servira de ferramenta cartesiana,
Hoje,
É a ferramenta que mais assombra,
Será que os atos são realmente necessários? Não os pensamentos, os atos.
Será que os atos corresponderão afirmativamente àqueles que gostariam que você os praticasse? Serão eles bondosos? Não os pensamentos, os atos.
Será que os atos trarão conseqüências significativas para os três instantes? Serão eles verdadeiros? Não os pensamentos, os atos.
Sim, os atos foram, são e serão sempre necessários, minimamente excluindo aqueles que causem discórdia ou rancor,
Sim, os atos foram, são e serão sempre bondosos, minimamente trarão instantes de felicidade para aqueles que amamos,
Sim, os atos foram, são e serão sempre verdadeiros, de nossa alma,
Assim, vivemos, viveremos, caminhamos e caminharemos,
A nossa conduta foi, é e será ferrenha e fomos, somos e seremos melhores,
E os nossos atos foram, são e serão dignificados,
Lembrados,
Coesos e corretos,
E,
Podemos e poderemos morrer e contemplar o horizonte da eternidade,
Porque,
Vivemos e viveremos dignos,
Morremos e morreremos dignos,
No passado, no presente e no futuro.