sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os Fantasmas

Os Fantasmas estão à solta,
Brincam, dilaceram, perduram-se por um longo tempo;

Pergunta-se se algo aconteceu no caminho para o céu e,
Unissonamente reagem, indignados,
Nada mais fazem se não a de reivindicar os seus direitos;

Uma voz ecoada ao longe provoca ressonâncias,
Pouco a pouco, somos solidários com o grito,
Que
Escapa-se da boca de um fantasma;
Os ossos, repentinamente, chocalham-se,
E
O que podemos perceber é que somos um saco de retalhos
Que se passa despercebido;

Morri,
E de agora em diante estarei mais próximo de mim mesmo,
De agora em diante poderei escrever versos
Sem a mínima pretensão de contentar os outros
Ou
De assombrar a minha alma;
Estou com ela agora, a minha alma;
De agora em diante viverei a morte,
De agora em diante poderei ouvir as reivindicações
Dos fantasmas,
Pois
Na ultima instância provocaram uma ressonância tão intensa,
Tão intensa
Que
Pudemos captar as ondas que a provocaram;

Os fantasmas,
Sou um deles;

Não, não, não.
Acordo e percebo que tudo foi um sonho,
Tudo não passou de uma medonha fúria,
Mas percebo assombrado que eles não existem,
Não estão à solta,
Não brincam,
Não dilaceram,
Na verdade estão dentro de nós,
E nestes ultimos versos percebo que são eles que nos fazem crer que o pó reinvidica o pó.