sábado, 20 de dezembro de 2008

Os Barcos (Segunda Versão)

Que incansável luta foi travada por estes barcos para chegar a esta praia?
A este seguro porto?
Solitariamente,
Agora,
Os barcos descansam,
Afinal,
Lutaram para chegar,
Mas o importante é que descansam lado a lado,
Apenas entidades cósmicas foram testemunhas
De suas incansáveis lutas;

Respiram, aliviados,
O ar etílico que os rodeia,
Observam a sua frente uma areia fria e escura,
Atrás o grande oceano,
Desconhecido,
Vencido,
Que
Até o último momento tentou vencer-lhes,
Até o último segundo tentou perpetuar-lhes
O caos, o obscurantismo e o desânimo,
Mas não conseguiu;

Afinal são estes os vencedores,
Batalhadores que enfrentaram esta tempestade cósmica,
Que lutaram contra quaisquer forças ocultas desconhecidas,
Que enfrentaram ondas e oscilações gigantescas;

Mas o mais importante é que agora estão juntos,
Estão lado a lado,
Interagem-se,
Estão felizes;

Com este “fluxum delirium”,
Percebem que valeu, de fato, à pena,
Que no final de uma grande tormenta,
Encontraram o equilíbrio e o amor entre eles,
Encontraram e compreenderam, lado a lado,
O real e verdadeiro significado de tudo isso
E
Até, quem sabe, de suas próprias existências.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Frases, pensamentos.

"Primeiro, morrem nossos prazeres; depois, nossas esperanças; depois nossos temores. E, então, nossa dívida vence: O pó reivindica o pó, e morremos por nossa vez. "
(Percy Bysshe Shelley)


"Para avaliar a importância real de uma pessoa, devemos pensar nos efeitos que sua morte produziria."
(François Gaston de Levis)


"Os deuses escondem dos homens a beleza da morte para leva-los a agüentar a vida."
(Lucan)


"Nada de monumento coberto de elogios. Meu epitáfio será meu nome, nada mais."
(Lord Byron)


"A minha alma é presa da mais livre loucura."
(Sady Bianchin)


"Quem deseja. Quem vive deseja. A vida é dor."
(Arthur Schopenhauer)


"Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar."
(Selma Lagerlof)


"A idade não te protege do amor. Mas o amor, de certa forma, te protege da idade."
(Jeanne Moreau)

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Pensador Metálico (Droid 18)

O pensador metálico origina em suas nebulosas pensantes
Todas as suas angústias,
Inclusive, sim, sente o mal de Pinóquio;

Apesar dos metais e dos plásticos,
Sente que a vida lhe reserva uma grande aventura,
Surge em sua "mente", uma esperança efêmera,
Mas,
Suas angústias o fazem, curiosamente, repensar na forma humana;

O que seria realmente ser um humano
E
Ser dotado de carne e sangue?
O que seria ser um humano e ser preenchido por uma alma?

Onde estaria o seu “Gepeto”?

Por que nascera assim feito por metais e plásticos
Senão para cumprir um papel ridiculamente estipulado
Por alguma alma vazia?

Pensa, repensa,
Destrói quaisquer tipos de discordâncias dentro de si,
Mas
O que percebe é que o “looping” infinito insiste em
Colocar-lhe um caminho para a perdição,
Que lhe sorri e suga toda a sua energia dilacerada e dissipada;

Observa e tenta recriar toda a sua trajetória,
A sua criação,
A sua “vida”,
As suas emoções,
As suas angústias,
Percebe que, na verdade, nada lhe resta se não passar
A eternidade buscando renovar as suas baterias;

Milhares de circuitos elétricos, metais e plásticos
Dão-lhe um sabor artificial,
Percebe que emana todo o estereótipo de um andróide,
Mas que vive dos males antigos que afligem toda e qualquer
Espécie de vida: o ser e o existir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Por que os Poetas Mentem: Motivos Adicionais (Hans Magnus Enzensberger - Tradução por Nelson Ascher)

Porque o momento
Em que a palavra feliz
É dita
Nunca é o momento da felicidade.
Porque os lábios do sedento
Não verbalizam a sua sede.
Porque o proletariado é uma palavra
Que não passa pela boca do proletariado.
Porque a vítima do desespero
Não tem vontade de dizer:
“Estou desesperado”
Porque o orgasmo e orgasmo
Estão a mundos de distância.
Porque o moribundo,
Em vez de anunciar
“Estou morrendo”, estertora apenas
Um gemido baixo
E, para nós, incompreensível.
Porque são os vivos
Que enchem os ouvidos dos mortos
Com suas notícias atrozes.
Porque as palavras sempre chegam
Tarde demais ou demasiado cedo.
Porque é um outro,
Sempre outro,
Quem fala
E porque
Aquele de quem se fala
Silencia.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Momentum

Nesta vida, na qual a minha alma errante caminha,
Coloco em delírio tudo que sinto e vejo,
E ora o que vejo é:
Luzes coloridas riscarem os céus,
Este é o Momentum;

Já sei,
São as auroras que estão sempre a um passo
Além do desenrolar dos momentos,
Formam-se sempre na interação dos tempestuosos “ventos solares”
Com a magnetosfera terrestre;

Questiono-me se o mesmo princípio se aplicaria
Na interação entre duas almas errantes,
Neste Momentum,
Estas luzes, que visualizo, não seriam o resultado
Da interação entre tais duas almas errantes?
Uma, das almas errantes, não seria a Magnetosfera Humana,
E a outra, das almas errantes, os Ventos Solares que emanam do meu Sol interior,
De minha alma errante?

Sim, este Princípio poderia se aplicar,
Com esta preponderação,
Tudo se torna mais claro,
Tudo se torna mais coerente
E
Estas luzes coloridas,
Lindas,
Nos céus,
Poderão representar a minha felicidade,
Poderão representar os mais recônditos sentimentos,
Poderão representar o que outrora julgaria impossível,
Poderão representar este Momentum.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Duquesa

Quem é essa dama de cabelos longos e negros, com uma fisionomia
Tão intensamente desenhada,
Que,
Com a cabeça erguida,
Dá a impressão de sorver a terrível poesia de um campo de batalhas?

Caminha por entre as quimeras,
Desvia os olhares das almas que estão ao seu redor,
Com as suas aparentes cintilações róseas dos campos dilacerados da Criméia,
Mulheres cortesãs, “ladies” orgulhosas, frágeis “misses”,
Despencam os seus torpedos olhares contra esta
Que está alheia a quaisquer circunstâncias;
Pompas e solenidades estão a lhe oferecer toda e qualquer arquitetura,
O rei lhe envia um mensageiro
Que
Diz-lhe todas as palavras campestres, reais e doces,
Porém vazias;

A Duquesa, alheia, continua a sua caminhada,
A guerra, o amor e o jogo estão a se engalfinhar dentro de si,
Incrível como esta mulher carrega consigo todas as matracas mecânicas invisíveis
Face às fracas imaginações e aos fracos olhares;

Repentinamente,
Surge-lhe um pastor anglicano que estava à espreita,
Tenta, em vão, suplicar-lhe a revelação de seus segredos,
Mas mal sabe que frente aos olhares desta Duquesa,
Não passa de um cadáver;

Como estas modas são encantadoras, porém medíocres,
Como são levianas!
A caminhada continua,
A Duquesa está a
Olhar para o horizonte perseguindo o seu destino,
Alheia a qualquer interferência,
Carrega todo o “mundus muliebris”, consigo,
Mas o que desperta, de fato, a sua atenção,
É que ao final desta caminhada,
Restar-lhe-á apenas este sabor amargo do vinho da vida.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Auroras

É incrível como a interação eletromagnética pode criar fenômenos,
As auroras sempre foram e sempre serão as mais notáveis,
O Sol,
A radiação,
A magnetosfera,
Estão todos conectados,
Criam-se os campos,
Criam-se as interações,
Mas muitos não percebem que,
Na verdade,
Elas estão ao nosso redor,
Festejam ao observar,
A riqueza espiritual dos seres,
Choram,
Ao perceber que vão embora,
Mas sempre estão a nos observar;

Mas algumas coisas são certas,
Viagens são possíveis,
Numa região tórrida e fria,
A beleza existe,
Interações vão acontecendo,
E,
Quando menos se esperar,
Haverá uma correnteza,
Um rio que nos guiará,
Guiará-nos para as auroras,
E,
Quando este momento chegar,
Os seres chorarão de felicidade,
Pois,
Em meio às suas amarguras,
Perceberão que tudo pode estar ao alcance.

Dor de Cabeça

Sinto uma Dor de Cabeça,
Surpreendo-me escrevendo a respeito deste mal que me acompanha
E que
Insiste em me envolver neste jogo de tolerância e cumplicidade;

Por que não me deixa?
Por que insiste em me perseguir e me aprisionar nesta saga de luta
E
Tentativa de superação?
Vem esta Dor de Cabeça, latejante, estoura a minha cabeça,
Meus olhos choram,
As lágrimas escorrem,
Testo-me,
Tento me sobrepor a esta Dor,
Tento esquecê-la,
Tento prosseguir com as minhas idéias,
Mas,
Ela insiste em me bombardear com as suas idas e vindas latejantes,
Horríveis,
O que faço?
Afogo-me?
Já esqueci as dores que outrora me derrubaram,
Mas esta Dor de Cabeça insiste em permanecer,
Convivo permanentemente com esta atra dor,
Observo a química tentar fazer seu papel,
Mas, em vão,
Tenta, tenta, tenta agir contra esta dor,
De nada adianta,
Nada que se faça fará partir esta dor,
O que me resta é esta convivência ingrata com esta Dor de Cabeça,
Permaneço assim,
Alheio a ela,
Tento, tento, tento,
Maldita Dor de Cabeça,
Nas suas idas e vindas, mata-me pouco a pouco.

O Universo Fantasma

Todos nós sonhamos um dia,
Todos nós sonhamos em viver num Universo Fantasma,
No qual todas as leis e teorias naturais e morais seriam válidas de acordo com as nossas vontades;
Mas, será, de fato, que este Universo detém todos estes aspectos oriundos
De nossa pobre imaginação?
Seria ele o pobre vazio que um dia imaginamos e sofremos?
Digam-me, meus caros, qual é o ser que um dia não desejou que o Princípio de Ícaro
Desse certo,
Que não caísse numa tentativa de alçar um vôo mais alto.

Nestas e outras viagens nas quais perdi toda a minha tenacidade,
Observei os cavalos de fogo caírem ao sabor do campo gravitacional,
Atraídos por esta massa etérea gravitacional,
Com um campo ao seu redor;
Logo, descobri que eram apenas essências de um infrutífero pensamento,
Mas, relevantemente, decidi testar-me,
Sim, a mim mesmo,
Se também cairia,
Atraído por este campo,
Enfim,
Caí,
Senti o mais amargo dos dissabores,
Observei cabisbaixo, pelo fundo de meu olhar,
A quimera se esvaindo,
Ao horizonte,
Cada vez mais longínquo,
E
Percebi que o mal de Ícaro me surpreendera.

Resta-me agora, viver nesta cova,
Aprendi, amargamente,
Que
Estamos todos neste Universo Real,
Que
O tal Universo Fantasma é apenas um capricho de nossa mente
E
Que as viagens e vôos imaginados são apenas essências e vontades recônditas
Em nossas pobres almas errantes.