quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Os Barcos

O azul escuro e nublado é único
Do mar e do céu,
Presencia os barcos, em seus balanços,
Em ressonância com as ondas
Que
Vêm e vão,
O Sol, já se foi e alguns pequenos movimentos,
Das sombras,
Notam-se,
No horizonte,
Alguns pequenos pontos luminosos se fazem,
Surgem um a um
E
Assim me parece que a noite chega; 

Mas e os barcos?
Estão à espera incansável de seus patrões,
No dia seguinte,
Madrugada anunciada,
Terão os seus motores ligados
E
O cheiro de óleo diesel,
Que alimenta os seus sonhos,
Invadirá as narinas deste mar imenso,
Solitariamente,
Estão ancorados, acorrentados,
Alguns adquirem direções de olhares ao sabor da brisa que sopra,
Trazendo o cheiro, a imensidão
E
O “ser” do mar secretamente anunciado para quem quiser observar,
De repente,
Um deles me olha e suplica serenamente,
Sofro de compaixão
E
Tomo-me em seu lugar,
O que estão a pensar estes solitários barcos?
O que estão a sentir estes solitários barcos?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Uma Manhã

Nas pálidas cores da alvorada do amanhecer,
Uma Manhã,
O Sol nasce e emite as suas radiações,
E aquelas radiações incidem no olhar vazio daquele que o observa,
Não só a ele, mas o horizonte, mas as nuvens, mas o céu,
O frio instiga a contração dos músculos,
Uma quantidade de vapor sai da boca, como fumaça branca,
E o fechar dos olhos é inevitável. 
O que pensará aquela mente que ainda discorda do novo começo?
O que surgirá depois desta música?
O que o "entra e sai do ar" nos pulmões provocará? 
Diante do ardor das narinas frente ao ar frio,
A mente mapeia e delineia todos os movimentos do dia. 
Soerguem-se pegadas que imediatamente se apagam como pegadas nas areias de uma praia cheia de ventos,
E os movimentos cessam-se.
Apenas isto,
Fótons brincando,
Nuvens passando,
O horizonte surgido claramente,
A esta altura, o céu riscado por cores não mais pálidas,
Vivas,
Vermelhas. 
E os olhos se abrem,
Estão vivos,
E os pensamentos voltam,
Vivos,
Os movimentos surgem,
A vida delineia-se.
A mente faz as pazes com o novo começo,
A vida ressurge,
Como aquele dia,
Um novo começo,
O vapor da boca desaparece,
O calor incide nos olhos agora vivos,
Sim, muito vivos. 
Trata-se de Uma Manhã.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Apontador de Lápis Abandonado em Cima da Mesa


Ao perceber as entidades que estavam alheias ao meu redor,
Deparei-me com um apontador,
De início, estava alheio também, mas logo, percebi que a sua
Longa espera e a sua presença inusitada
Não estavam ao acaso abandonadas,
Mas o que faria este apontador,
Numa posição de abandono?
O que faria este apontador, numa deslocada presença?
Ao examinar as entidades,
Elas deixam-se transparecer,
Deixam-se medir ao sabor das circunstâncias,
E logo percebemos
Que
As suas presenças não são tão ao acaso;

Mas este apontador intriga a minha alma,
Com a sua presença inexplicável,
Com a sua presença deslocada,
Com a sua presença misteriosa;

A certeza primeira é que se encontra em estado de solidão;

Solitário, espera,
Que alma hedionda tê-lo-ia deixado aqui?
Mas a outra certeza única é que só lhe resta esperar,
Só lhe resta permanecer alheio,
Até o instante em que se revelar,
Pelo misterioso ato da redenção,
A sua essência,
A sua serventia,
A sua glória.

O Passado, O Presente e O Futuro


Houve um instante no passado o qual o chamávamos de presente,
Há um instante no presente no qual estamos,
Haverá um instante no futuro no qual o presente será passado,
E,
Hoje que é o presente será o passado e aquele instante que hoje é o futuro,
Será o presente,
Podemos viver e morrer nos três instantes,
E,
Nossos atos insanos podem ecoar nesses três instantes,
Tudo depende de como torná-los coesos e corretos,
Insanos,
Porém,
Coesos e corretos,
Como vivemos e tornamos os nossos instantâneos atos dignos de serem lembrados e citados?
Como agimos para nos tornarmos cada vez melhores?
Como atribuir qualidades extraordinárias e ferrenhas à nossa conduta?
Os três instantes estão conectados,
E,
Isso assombra a mais errante alma,
Mas para caminharmos, para corrermos, para sorrirmos,
O que fazemos?
A dúvida que outrora servira de ferramenta cartesiana,
Hoje,
É a ferramenta que mais assombra,
Será que os atos são realmente necessários? Não os pensamentos, os atos.
Será que os atos corresponderão afirmativamente àqueles que gostariam que você os praticasse? Serão eles bondosos? Não os pensamentos, os atos.
Será que os atos trarão conseqüências significativas para os três instantes? Serão eles verdadeiros? Não os pensamentos, os atos.
Sim, os atos foram, são e serão sempre necessários, minimamente excluindo aqueles que causem discórdia ou rancor,
Sim, os atos foram, são e serão sempre bondosos, minimamente trarão instantes de felicidade para aqueles que amamos,
Sim, os atos foram, são e serão sempre verdadeiros, de nossa alma,
Assim, vivemos, viveremos, caminhamos e caminharemos,
A nossa conduta foi, é e será ferrenha e fomos, somos e seremos melhores,
E os nossos atos foram, são e serão dignificados,
Lembrados,
Coesos e corretos,
E,
Podemos e poderemos morrer e contemplar o horizonte da eternidade,
Porque,
Vivemos e viveremos dignos,
Morremos e morreremos dignos,
No passado, no presente e no futuro.