terça-feira, 2 de agosto de 2011

Do pó virá o pó e transformar-se-á em ossos,
Que se chacoalharão dentro de um saco de pele, carne e sangue;

Não é verdade que o esqueleto sustentará uma estrutura pobre,
Sem alma e sem dor,
Sustentará, sim, a amarga estrutura de agonia,
Com uma alma dilacerada,
Com dor que lhe invadirá sem pudor ou licença;

Viver com a sensação de procura...viver?
Quem vive do gosto amargo do vomito e da saliva a escorrer
Realmente é um nato sobrepujado pela vergonha e pela miséria,
Quem vive do gosto da mentira e da calúnia
Realmente é um nato rato da discórdia;

Aliviando a divagação deste pobre saco de pele, carne e sangue,
Surge uma estafaca que lhe invade as entranhas,
O vento sopra e introduz uma serena harmonia,
Um brilho reluzente e o fóton se perdem atrás da colina;

De repente quando menos se espera,
Um terrível frio invade lhe o corpo
E
Traz consigo um forte calafrio,
Do fim e do descanso;

O vento continua a cantar e a entoar cânticos obtusos,
As diagonais do Universo Fantasma surgem,
Vozes, antes interrompidas, surgem novamente,
E a estrutura pouco a pouco se desmorona;

Do pó virá o pó,
Mas depois de tudo, da dança da miséria,
Da dança da discórdia,
O pó virar-se-á pó,
Pois o pó reinvidicará o pó.

sábado, 23 de julho de 2011

The Grid ***

“The Grid,
A digital frontier,
I tried to picture clusters of information as they move through the computer,
What did they look like? Ships? Motorcycles? Were the circuits like freeways?
I kept dreaming of a world I thought I’d never see;
And then, one day, I got in…” ***

After that,
I saw a dream,
I saw a shadow covering me as a blanket in a cold day,
I saw an impossible way,
A way to run and seek my lost soul;

But why did I get in?
I forgot over passed years,
Perhaps I turned in an Android,
But even the androids can, sometimes, feel their souls;

In this infinite looping in which one I have lost myself,
I could see a lightning Achenbach’s picture,
“A Sunset after a Storm on the Coast of Sicily”;

Ah, the clusters of information,
Yes,
Now I can see them,
Now I can feel them,
In this Grid,
In this parallel Universe,
I kept dreaming of the solutions of my problems,
But the answer was No;

God?
I don’t know where he is…
I don’t know where I am…
But suddenly I know,
I discovered,
The clusters of information: they look like ships,
Ships in imaginary oceans,
With giant waves,
Who arrive in this frontier of my mind, the grid.

***Title and Passage extracted from The movie "Tron: Legacy".

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Uma Fagulha na Nau Capitania

De repente eis que surge uma fagulha na nau capitania,
E eis que a tal fagulha atrapalha e dilacera as mais recônditas idéias
E
Pretensões de todos, de todos que ali estavam esperançosos;
Um caos se instaura nas almas e assim sucessivamente cada dominó,
Em seu efeito,
Cai,
Mas o que teria provocado a fagulha?

De qualquer maneira ou outra possível, mesmo recorrendo-se
Á força superiora que se proclama,
As coordenadas sejam quais são elas,
Atrapalham-se e perdem-se e a divagação da nau é inevitável;

Mas assim como a fagulha surgiu, eis que ela desapareceu,
Como um instante que surgiu e desapareceu;


A proliferação de quaisquer esperanças e sentimentos guia imediatamente a um porto não seguro,
A nau capitânia está só, a divagar,
Sem rumo, sem norte, sem consciência;

Apenas divaga,
Com ou sem esperança,
Quem sabe, acabará a atracar m algum ponto desconhecido, mas seguro,
Mas isto nem as equações conseguirão, talvez, mostrar;

E tudo isto por uma fagulha,
Uma mísera fagulha,
Que desguiou esta nau capitânia
Que estava a navegar em águas calmas e conhecidas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A PORTA


A porta se abre,
A colina está nua com o véu que lhe cai,
E a sombria senhora das brisas gélidas nos toca,
Ah, sinto um frio,
A névoa esvoaça-se sobre a minha alma errante,
E
Conclamo as pegadas que um dia guiaram-me;

Mas de joelhos,
Com a névoa que se escapa da boca deste cardíaco,
Sonho, um dia, quem sabe,
Com a Fullana,
Cheia de emoções,
Cheia de desesperanças,
Mas que agora tem um companheiro mesmo que sem saber;
A divagação faz seu papel,
A alma se torna mais errante;

E a colina? Não sei,
Com esta senhora que estende o seu braço,
Tanto branco e gélido como a neve,
Tanto doce e sutil como o peso do floco de neve,
Que cai,
Cai sem parar,
E quanto aos meus olhos,
Bolsos,
Que se enchem,
Mas de sal e lágrimas,
As brisas douradas vêm e esvoaçam-se;

A divagação some,
A dilatação dos vasos nervosos cessa-se,
A implosão ocorre,
Sem mais, sem menos,
E de repente a porta se fecha.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Medo

O medo da tolerância à dor é o que nos aflige,
Aflige a todos o sentimento do perdão sem perdão,
Aflige a todos o real imaginário,
Aflige a todos a luta sem luta, sem dor, sem medo,
O medo da quietude quando tudo está confuso,
O medo do medo sem medo,
O medo da faca que invade as nossas entranhas,
O medo da mediocridade medíocre,
Tenho medo de olhar para trás e questionar
Onde estava o meu medo quando precisei?
Tenho medo de duvidar da minha existência profana
Quando tenho medo de dizer que minto dizendo a verdade,
Para quem?
Para ELE?
Tenho medo de suportar a dor sem dor;

É...

O medo de tolerância à dor é o que nos aflige,
Mas tenho medo da minha sobriedade quando não estou sóbrio,
Aflige a todos e a mim a luta sem luta, sem dor, sem medo,
Aflige a todos o real imaginário,
Aflige a todos o sentimento do perdão sem perdão,
Será que eu existo?
Cartesiano demais?
Tenho medo de duvidar quando divago,
Tenho medo de divagar,
Tenho medo de ter medo,
Tenho medo quando minto dizendo a verdade,
Para quem?
Para ELE?
Tenho medo deste looping infinito;

É...

Tenho medo de ter medo,
Tenho medo de terminar estas palavras e não terminar
E
Finalmente não terei medo
De ter medo
E
Terei medo de morrer negando a minha medíocre existência, mesmo que medíocre,
E ajoelhar diante DELE e dizer:
Não tive medo, pois estou mentindo dizendo a verdade.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

NOVA ERA

Começa uma nova era,
A crença e os mitos não coincidem neste correr pavoroso,
Tenho medo e ele me acompanha nesta marcha,
Caminho solitário nesta trilha sem fim e sem luz,
Onde estou a entrar?
Nos domínios do medo e do desespero da vicissitude?
Abarco mais esta atra concentração momentânea
E
Percebo diante da impossibilidade e da impassibilidade dos destinos diversos
Que
Sou mais uma entidade com a medíocre meditação da existência e da dor;

Cavaleiros, de sangue real,
Poderiam me socorrer como socorrem a um irmão?
Não sei,
Lamento que seja tarde demais para lamúrias;
Lamento que seja tarde demais para castidades sem fins,
Lamento que seja tarde demais para labores, em demasia, dolorosos;

O que faço, senão cavalgar nesta nova era
Que se começa,
Tenho medo e sinto dor,
Mas
Como percebo que sou mais uma entidade com a medíocre meditação da existência e da dor,
Ganho o perdão da eternidade,
E
Assim engano-me.
Começa-se uma nova era?


Crédito da imagem:
http://el-pendragon.blogspot.com/2010/10/caminho-sem-fim.html