quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Apontador de Lápis Abandonado em Cima da Mesa


Ao perceber as entidades que estavam alheias ao meu redor,
Deparei-me com um apontador,
De início, estava alheio também, mas logo, percebi que a sua
Longa espera e a sua presença inusitada
Não estavam ao acaso abandonadas,
Mas o que faria este apontador,
Numa posição de abandono?
O que faria este apontador, numa deslocada presença?
Ao examinar as entidades,
Elas deixam-se transparecer,
Deixam-se medir ao sabor das circunstâncias,
E logo percebemos
Que
As suas presenças não são tão ao acaso;

Mas este apontador intriga a minha alma,
Com a sua presença inexplicável,
Com a sua presença deslocada,
Com a sua presença misteriosa;

A certeza primeira é que se encontra em estado de solidão;

Solitário, espera,
Que alma hedionda tê-lo-ia deixado aqui?
Mas a outra certeza única é que só lhe resta esperar,
Só lhe resta permanecer alheio,
Até o instante em que se revelar,
Pelo misterioso ato da redenção,
A sua essência,
A sua serventia,
A sua glória.

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